O prazer está em crise. Diante dos altos índices de desemprego no país e com a recessão econômica, prostitutas usam a criatividade para sobreviver aos tempos difíceis. Promoções, pagamento parcelado no cartão de crédito e até rifas fazem parte das estratégias adotadas pelas profissionais do sexo a fim de garantir o sustento.
A presidente da Associação das Prostitutas de Minas Gerais (Aprosmig), Cida Vieira, 48 anos, 22 deles como garota de programa, relata como ela e outras colegas de profissão têm se virado. “A crise é geral e o mercado do sexo não ficou de fora. Negociamos pesado, damos desconto e trabalhamos mais. Não falta cliente, mas eles querem pagar menos”, afirma.
Em Belo Horizonte, garotas passaram a aceitar parcelamento no cartão de crédito, a depender do valor do serviço. Elas também criaram um tipo de “cartão fidelidade”. “O cliente que vai três vezes na semana, por exemplo, paga mais barato pela hora. Ele não fica sem se divertir e a mulher não perde o dinheiro”, diz Cida.
Segundo ela, os hotéis da cidade também têm sido parceiros e fazem descontos nas diárias. Motéis estão sorteando motos para atrair mais frequentadores. “Nós nunca tivemos direito a nada, não tem legislação que nos ampare. A gente tem que se virar como todos os trabalhadores brasileiros”, lamenta.
Em Brasília, as mulheres também apelam para medidas extremas em busca de programas. Valentina Valente, 21 anos, está nesse ramo há seis meses. Ela é estudante de gastronomia e se prostitui para pagar a faculdade, morar bem e consumir itens de luxo, como roupas e calçados. Atende cerca de três clientes por dia e diz que as terças e quintas-feiras são o ponto alto da semana “por conta do movimento no Congresso”.
Valentina se autodenomina uma “acompanhante de luxo”. “Meu cachê é R$ 450 e não diminuo um real, mas não é toda profissional que pode se dar a esse luxo. Umas meninas fazem mais sucesso que as outras. Tenho visto gente fazendo até rifa para se bancar”, relata. O sorteio funciona como os tradicionais: cada um compra um bilhete, em média por R$ 30, e um número é escolhido para receber o serviço.
Gabi, 23 anos, conta que nos feriados e fins de semana o movimento cai bastante, pois é quando os clientes, a maioria homens casados e pais de família, ficam em casa. “No mês bom, dá para eu tirar até R$ 5 mil; no ruim, cai para R$ 2 mil”, conta. Ela também diz que tem investido mais em anúncios na internet para ganhar freguesia.
Já Clara, 28 anos, há 3 nessa profissão, passou a aceitar cartão de crédito, mas se recusa a parcelar o serviço. “Muita gente já pediu, mas acho absurdo. Quem mais chora por desconto é homem casado”, constata.
Quem quiser ter a companhia de Clara pode aproveitar uma promoção: pela manhã e à tarde, o programa é mais barato. À noite, o cachê – como ela chama – é de R$ 350 por hora. Ela atende 24 horas por dia.
Os cachês de três dígitos são exceções nesse mercado. Um site brasiliense chamado Só Cinquenta reúne centenas de perfis que cobram no máximo R$ 50. Há homens e mulheres à disposição. As fotos são mais amadoras do que as vistas no Capital Sexy, o site onde Valentina e Clara estão expostas.
Um aviso na página diz: “Nós do site Só Cinquenta não agenciamos nenhuma das anunciantes. Não nos responsabilizamos pelos acordos firmados entre a anunciante e você, internauta”. É como uma grande loja virtual com preço único. Na vitrine, corpos à venda mais baratos que uma refeição em alguns restaurantes, para satisfazer todo tipo de apetite, ao alcance de uma mensagem no WhatsApp.
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