Jovem faz parto sozinha após esconder gravidez por 9 meses
“Escondi a gravidez, fui ao banheiro de casa e fiz meu parto sozinha”. O que leva uma mulher a esconder a gravidez durante 9 meses dos próprios pais, amigos e do pai do bebê? Para a jovem Alice Souza, os motivos vão muito além do medo
(Imagem meramente ilustrativa)
Beatriz Bradley, Ig.Delas
O que leva uma mulher a esconder a gravidez durante 9 meses dos próprios pais, amigos e do pai do bebê? Medo talvez seja a resposta na maioria dos casos, mas para Alice Souza, de 26 anos, os motivos vão muito além. “Fiquei em choque por estar grávida, afinal, o pai do meu filho não queria ter um filho (e ele realmente não tem)”, desabafa. “Durante 9 meses escondi de todos que estava grávida”.
Católica, a assistente administrativa afirma não ter cogitado a hipótese de abortar e a gravidez indesejada foi levada adiante. “Era gordinha e sempre que alguém perguntava falava que era apenas gordura acumulada. E, assim, escondi os enjoos. Quando não conseguia, mentia falando que tinha comido algo que tinha me feito mal. Durante toda a minha gestação fiquei em casa, já que, logo no início, fiquei desempregada. Até entrei em depressão por não aceitar o fato de ter ficado grávida de um cara mau caráter”.
“Fui ao banheiro de casa e fiz meu parto”
Alice realmente conseguiu esconder os 9 meses de gestação. Como já tinha uma filha, ela sabia o que a esperava. “No dia 18 de setembro, passei o dia todo tendo contrações, então, sabia que estava na hora de encarar a realidade e todos iriam saber sobre meu príncipe. Ainda com dor, não falei nada pra ninguém. Durante a madrugada do dia seguinte fui ao banheiro de casa e fiz meu parto”.
Miguel, nome que ela deu ao filho, nasceu de parto natural. Com 2,8 kg e 43 cm, a criança nasceu no vaso sanitário. “Ele não teve contato com a sujeira do parto e ainda nasceu chorando”, explica.
Pós-parto
Sem forças para sair do banheiro, Alice chamou sua família aos berros. Desesperados, eles chamaram uma ambulância, mas ela acabou sendo socorrida pela irmã e o ex-cunhado que são médicos.
“Muitos me chamam de louca, outros dizem que fui corajosa ou que merecia uma surra. Enfim, o que ninguém entende é que uma depressão pode levar a pessoa a fazer várias coisas. No meu caso, ainda assim, foi a forma certa de permitir que meu filho tivesse o direito de viver”, desabafa.
“Isso é comum”
“Na verdade, isso é mais comum do que se pensa”, explica William R. Soria, ginecologista e obstetra, ao Delas. “Já vi mulheres que se ‘envelopam’ com esparadrapo para a barriga não aparecer. Outras que param de comer para não engordar e acabam comprometendo a saúde. Com o tempo, toda essa mentira toma uma dimensão tão grande que a mulher entra em desespero. Isso, associado à familia que não aceita e ao parceiro que não assume, leva a mulher a fazer essas bobagens”, complementa o médico.
Médico alerta para riscos
Segundo Soria, a ausência de pré-natal pode ter consequências para a saúde da mãe e do bebê. “Esconder a gravidez realmente implica em muito risco, o parto domiciliar é mais perigoso ainda. A gestante pode desenvolver hipertensão, diabetes e outras doenças que, sem acompanhamento e um diagnóstico para o tratamento devido, podem levar a partos prematuros e abortos, por exemplo. Comprovadamente, as maiores complicações durante a gestação e o parto estão diretamente relacionadas à falta de pré-natal e acompanhamento adequado”, finaliza.
Fazer o próprio parto
O ginecologista Fabio Sakae Kuteken conta os riscos da mãe ter realizado o próprio parto sozinha. “O trabalho de parto deve ser monitorado por meio do controle da pressão arterial, da asculta dos batimentos cardíacos fetais, frequência das contrações uterinas, evolução da dilatação do colo uterino e descida do feto”. Por conta disso, o bebê pode ter problemas com oxigenação, podendo levar a uma lesão cerebral.
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