O empresário e engenheiro Júlio Faerman se negou a prestar esclarecimentos à CPI da Petrobras nesta terça-feira (9). O depoente é ex-representante no Brasil da empresa holandesa SBM Offshore e teria participado do esquema de corrupção e pagamento de propina a servidores da Petrobras na década de 1990, durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
O silêncio de Faerman é protegido por um habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Não é a primeira vez que o engenheiro é convocado para a CPI. Ele deveria ter prestado depoimento em 26 de março, mas não foi localizado para que se oficializasse a convocação.
O empresário é citado pelo ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco, em depoimento de delação premiada, como um dos precursores do esquema, que teria começado em 1997, ano em que Barusco afirma ter passado a “receber valores do senhor Júlio Faerman”.
Barusco declarou ter aberto uma conta na Suíça naquela época para depósitos da SBM, que somaram US$ 22 milhões.
As acusações contra Faerman foram reforçadas pelo ex-diretor da SBM Offshore, Jonathan Taylor, durante oitiva da CPI em Londres. Taylor afirmou que a empresa pode ter pago US$ 92,6 milhões em propinas a partir de 1997 em troca de contratos com a Petrobras.
Frustração – Para o deputado e relator da comissão, Luiz Sérgio (PT-RJ), a falta de esclarecimentos gera um sentimento de frustração. “O Pedro Barusco afirma que começou a receber propina deste senhor há 18 anos. Então, ninguém tem um histórico tão grande de todo o processo quanto ele”, afirmou.
Um dos argumentos para a concessão do habeas corpus é o fato de o empresário ter firmado um acordo de delação premiada com Ministério Público Federal, ainda não homologado pela Justiça.
Faerman será novamente convocado assim que ocorrer a homologação. O investigado tem residência fixa em Londres e, para garantir que não saia do Brasil, a CPI vai pedir a retenção do passaporte dele na Justiça.
O deputado Luiz Sérgio ressaltou que é muito importante que Faerman colabore com a Justiça, mas ele deve também colaborar com a CPI. “As informações que ele detém podem esclarecer todo esse mecanismo que envolveu empresas e diretores da Petrobras”, afirmou.
Quebra de sigilos – O empresário negou ser lobista. Na próxima quinta-feira (11), a CPI pode aprovar a convocação dos filhos de Faerman, Marcello e Eline, e do sócio, Luiz Eduardo Barbosa. Há também requerimentos de quebra de sigilos bancário e fiscal de suas empresas.
0 comentários:
Postar um comentário